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Roda de Conversa reune ativistas do jogo de tabuleiro

Diversidade, inclusão social, feminismo e solidariedade são temas da roda de conversa “Jogo de Tabuleiro e Ativismo”, promovida pelo LabJog

O comunicador social Ian de Souza separa parte de seu tempo de vida para visitar abrigos de crianças carentes, e jogar RPG com elas. A proposta, iniciada em 2013, vêm movendo outros voluntários em torno do projeto “RPG Solidário”, que tem feito a diferença na vida dessas crianças. Essa é uma das cinco histórias que motivam os ativistas participantes da roda de conversa “Jogo de Tabuleiro e Ativismo”, organizada pelo LabJog / GPIDOC. A ideia do evento é promover a possibilidade de transformação social através dos jogos não eletrônicos.

O evento é gratuito e de entrada livre, e voltado aos estudantes da graduação em pedagogia do ISERJ e público em geral. Acontecerá no dia 03 de setembro, às 19H, na sala 224 do Instituto Superior de Educação do Rio de Janeiro. O endereço é: Rua Mariz e Barros, 273, Praça da Bandeira, Rio de Janeiro, RJ.

O que o tabuleiro tem que o digital não tem
O ativismo entre os jogos eletrônicos tomou vulto desde pelo menos o início dos anos 2000. No mundo digital, há defesas de muitas bandeiras, que inclui as questões feministas, raciais e de gênero, a democratização da tecnologia, a proposta de utilizar games e estratégias de “ludificação” da educação e sistemas sociais para um mundo melhor. Surgem daí nomenclaturas importadas de iniciativas e propósitos, como “Serious games“, “Critical play“, e “Games for Change“(1). No entanto, o ativismo eletrônico esbarra em características que também funcionam como “bugs” sociais relacionados à tecnologia: há falta de acesso, e o acesso remove distâncias virtualmente, mas não a distância da presença humana de forma direta(2). Esses são exatamente os pontos diferenciais que os jogos de tabuleiro e seus aspectos materiais e sociais podem oferecer em uma proposta de ativismo lúdico – e isso tem sido bem explorado por um conjunto de pessoas, imbuídas de um idealismo autêntico, que, contudo, não costuma receber voz, seja na academia, seja pela sociedade em geral.

Bem menos conhecidos na comunidade global, e menos ainda no Rio de Janeiro, movimentos relacionados agora terão voz via LabJog, dando um novo sentido ao jogar educacional, inspirando a novos estudos e movimentos, e valorizando o trabalho de quem faz, em silêncio, pequenas revoluções pacíficas no dia a dia.

Conheça agora os participantes de nossa Roda de Conversa e suas iniciativas:

Natalia Avernus – BOARD GAME GIRLS
Mestra e jogadora de RPG (18 anos de XP); Feminista (10 anos de XP); jogadora de Boardgame (5 anos de XP). Organizadora do Board Game Girls (2 anos de XP) junto com Sabrina do Valle e Paula Bandeira.

Board Game Girls
Evento bimestral que oferece um espaço seguro livre de machismo para mulheres poderem jogar e se divertirem. A Entrada é gratuita e todas as mulheres são bem-vindas, até mesmo aquelas que nunca jogaram jogos de mesa, mas tem curiosidade de conhecê-los.

Conheça: https://web.facebook.com/boardgamegirls/

Patricia Nate – LADY LUDICA
Psicóloga Clínica por profissão, resolveu se jogar de cabeça no mundo dos jogos de tabuleiro. No mundo dos tabuleiros modernos há quase 6 anos, se tornou profissional em administrar jogar com cuidar do filho(agora já crescidinho e jogando junto). Idealizadora e produtora do Lady Lúdica ainda não satisfeita, resolveu também junto à dois sócios, abrir uma editora de jogos, a Imagine Jogos. Hoje administra o tempo entre consultório, filho, noivo, evento e editora.. jogar que é bom fica de lado.

Lady Lúdica
Evento de Representatividade Feminina, ocorre mensalmente desde maio de 2017, com foco em atrair novas jogadoras para o hobby dos jogos de tabuleiro. Totalmente criado e executado por mulheres, apesar de misto, tem como foco receber, acolher e criar um ambiente confortável para que mulheres se sintam a vontade para jogar. Hoje com uma média de público de 204 pessoas, conta com um percentual de público de mais de 60% de mulheres e uma equipe 100% feminina.

Conheça: https://web.facebook.com/ladyludica/

Ian de Sousa – RPG SOLIDÁRIO
É o idealizador do RPG Solidário. É Formado em Comunicação Social pela Universidade Veiga de Almeida. Utiliza seus conhecimentos como publicitário para ampliar a causa e aproximar cada vez mais o contato da sociedade com abrigos carentes.

RPG SOLIDÁRIO
É uma causa que mobiliza ações recreativas em abrigos carentes do Rio de Janeiro e Baixada Fluminense. Iniciado em 2013, o grupo começou trabalhando jogos coletivos com as crianças, buscando promover a colaboração e o companheirismo entre elas. Nestes jogos (a maioria de RPG – Role-playing game ou jogo de interpretação de papéis), é preciso trabalhar em grupo para se obter sucesso. O RPG desenvolve também aspectos como auto expressão, leitura, matemática básica e imaginação, resultados que ajudam o dia a dia das crianças de um abrigo.

Nos 6 anos de atuação dentro da rede de abrigos Criança Feliz, localizada em São João de Meriti, RJ, o RPG Solidário já desenvolveu diferentes atividades, como: aulas de reforço escolar, tratamento de beleza, palestras com grupos de psicólogos, passeios em museus, shoppings e bibliotecas. A partir de 2018, a iniciativa ampliou suas atividades para outros abrigos, chamando por mais voluntários em toda a região metropolitana do Rio para o voluntariado.

Conheça: https://web.facebook.com/rpgsolidario/

Jorge Valpaços
Historiador, professor, socioeducador e criador de jogos de RPG de mesa no coletivo Lampião Game Studio. Entre suas ações destacam-se as oficinas lúdicas de RPG em medidas socioeducativas (Criaad Nilópolis – Degase), no ensino médio (Colégio Estadual Olga Benário Prestes) e a ocupação de aparelhos culturais com jogos de mesa (Biblioteca Parque Estadual, Sesc – São João de Meriti e Biblioteca Municipal Governador Leonel de Moura Brizola – Duque de Caxias).

Fale com o Jorge: https://web.facebook.com/j.valpacos

Elson Bemfeito – SE JOGA

Idealizador do evento “SeJoga” (com seu companheiro Dan Paskin). Elson é produtor de moda, figurinista, vitrinista, paisagista, produtor de eventos e bailarino nas horas vagas. Começou no hobby dos jogos de tabuleiro em 2016, sem ter a menor noção do universo em que estava se metendo e do que estava por vir.

SE JOGA
Depois de um ano jogando e já totalmente viciado e mergulhado no hobby, e percebendo o quanto o meio era tóxico com pessoas LGBTI+ e mulheres (embora pessoalmente tenha sido bem aceitos no meio ), resolveu usar seu exemplo pra mostrar que as pessoas poderiam ser quem são, sem medo de rejeição. Foi daí que surgiu o primeiro evento de jogos analógicos voltados pra inclusão do público LGBTI+.

Hoje o SeJoga conta com um quadro de quase 30 monitorxs, na sua grande maioria LGBTI+, mas também com heteros na equipe. É formado por um público 50 – 60% LGBTI+ e outros 40 – 50% entre heteros simpatizantes. Fornece um espaço bastante seguro em relação a aceitação e respeito, longe de toxicidades e preconceitos tão usuais no meio dos jogos. Além disso, o Sejoga também promove empoderamento de pessoas que se sentiam antes retraídas e com fobia social. Ajudou pessoas com quadros de timidez, depressão, ansiedade e até ja foi gerador de primeiro emprego para monitores em casas especializadas em jogos de tabuleiro. Hoje há quatro monitores que se tornaram contratados fixos em casas especializadas, e outros tantos prestando serviço como freelancers.

Conheça: https://web.facebook.com/SeJogaBG/

(1) “Serious games“, “Critical play“, e “Games for Change“: As denominações aqui sugeridas se compõem a outras. “Serious Games” é um termo cunhado durante os anos de 1970 para designar uma categoria de jogos que funcionam como exercícios para se criarem soluções (inicialmente o criador do termo se referia a fins militares, e depois o termo se expandiu para qualquer proposta de jogo que tenha fins práticos e de impacto na sociedade); Critical Play é como a especialista em Game Design Mary Flanagan se refere quando fala da necessidade de se criarem jogos sob um olhar crítico, social, afastando aspectos que reforçam preconceitos, estereótipos etc, e aproximando os jogadores de uma experiencia útil no “mundo real”. Games for Change é um movimento relacionado à jogos eletrônicos utilizado para o deenvolvimento social.
(2) Alguns estudos mostram que em torno de jogos eletrônicos online, surgem comunidades e encontros físicos, o que denotaria um aspecto de incentivo à socialização previsto nos jogos. No entando, essa é a socialização indireta, diferente daquela ocorrida presencialmene enquanto se joga – o caso dos jogos não eletrônicos (também chamados de “analógicos” em contraponto ao digital).